Letras & Filetes: Intervenção Urbana e Arte Popular no Sesc SP

Explore "Letras & Filetes" no Sesc Ipiranga, uma intervenção urbana que resgata a arte de letristas e cartazistas. Descubra as artes visuais populares, a memória afetiva e as tradições gráficas da América Latina nesta imperdível exposição.

EXPOSIÇÕESINTERVENÇÕES URBANAS

Astral

10/25/2025

"Letras & Filetes: Memória Afetiva e Latinidades", em cartaz no Sesc Ipiranga
"Letras & Filetes: Memória Afetiva e Latinidades", em cartaz no Sesc Ipiranga

A intervenção urbana não se limita apenas a grafites ou a videoarte de projeções; ela pulsa no traço espontâneo, na cor vibrante e na caligrafia que adorna o cotidiano das cidades e estradas. A exposição "Letras & Filetes: Memória Afetiva e Latinidades", em cartaz no Sesc Ipiranga de 10 de outubro de 2025 a 5 de abril de 2026, é um testemunho monumental dessa verdade. Com curadoria de Filipe Grimaldi e Thiago Nevs, a mostra é um mergulho profundo no universo dos letristas, cartazistas e mestres filetadores, celebrando uma forma de artes visuais que resiste ao tempo e à padronização digital.

Este artigo explora como a exposição não apenas documenta, mas também eleva essa intervenção urbana manual à categoria de patrimônio cultural, traçando uma rede de "latinidades gráficas" que revelam formas comuns de criar, comunicar e, acima de tudo, resistir. É um convite a olhar a cidade com outros olhos e reconhecer a arte que sempre esteve lá, anônima, mas profundamente conectada à nossa identidade.

Letras & Filetes: A Intervenção Urbana que Resgata a Memória Afetiva e a Identidade Latino-Americana nas Artes Visuais

A exposição "Letras & Filetes" no Sesc São Paulo
A exposição "Letras & Filetes" no Sesc São Paulo

Letras & Filetes: A Estética da Urgência e da Celebração no Espaço Urbano

A exposição "Letras & Filetes" no Sesc São Paulo é muito mais do que uma retrospectiva de estilos gráficos; é uma celebração da intervenção urbana em sua forma mais orgânica e essencial. Antes do advento da impressão digital e dos outdoors, a paisagem visual das cidades e estradas latino-americanas era moldada pelo pincel e pela inventividade de letristas anônimos. Esses mestres transformavam fachadas de mercados, carrocerias de caminhões e embarcações ribeirinhas em telas vibrantes, carregadas de humor, informação e uma estética inconfundível.

A "ornamentação excessiva" e o "traço espontâneo" descritos por Filipe Grimaldi são a assinatura de uma arte que transcende a mera função comercial. Em um cartaz de mercado, a urgência de anunciar um preço baixo se mistura à criatividade de uma fonte desenhada à mão, com cores que explodem em contraste. Nas carrocerias de caminhões, os "filetes" — linhas ornamentais e figuras simbólicas — não são apenas decorativos; eles contam histórias da estrada, da fé, da família, tornando o veículo um objeto de arte visual itinerante. Essa é a intervenção urbana em movimento, democratizando a arte a cada quilômetro percorrido.

A mostra destaca essa diversidade de estilos, que vai desde a "letra decorativa amazônica", presente nos barcos ribeirinhos e que reflete a exuberância da floresta, até os famosos cartazes de mercado, com seu humor e cores vibrantes. Ao reconhecer e valorizar esses traços e ornamentos, que muitas vezes operam "fora dos cânones da arte visual", a exposição resgata e eleva a manualidade e a experimentação a um patamar de patrimônio cultural vivo. É uma homenagem ao espírito criativo que transforma o utilitário em extraordinário, afirmando a presença da arte visual em todos os cantos do cotidiano.

Uma Rede de Latinidades Gráficas: Conexões de Memória e Resistência

Um dos pontos mais ricos da exposição "Letras & Filetes" é a expansão de seu escopo para além do Brasil, traçando uma "rede de latinidades gráficas" que revela formas comuns de criar, comunicar e resistir em toda a América Latina. Essa abordagem curatorial destaca como a intervenção urbana e as artes visuais populares são um espelho das identidades regionais e dos modos de vida de um continente.

O diálogo estabelecido é fascinante:

  • Fileteado Portenho (Argentina): Conhecido por suas curvas complexas, brilhos e simbolismo, o fileteado portenho, declarado Patrimônio Imaterial pela UNESCO, é uma tradição de Buenos Aires que adorna ônibus, caminhões e lojas. Sua presença na mostra estabelece uma conexão direta com os filetes brasileiros de caminhão, evidenciando uma linhagem estética compartilhada.

  • Rotulación Mexicana e Cartazes Chilenos: Essas expressões revelam a força da caligrafia e da composição manual como ferramentas de comunicação visual. A rotulación, presente em fachadas de lojas e food trucks, e os cartazes, muitas vezes de caráter político ou social, são uma forma de intervenção urbana que dialoga diretamente com a população.

  • Letra Chicha Peruana: Vibrante e excessivamente ornamentada, a letra chicha, ligada à música cumbia chicha, é uma explosão de cores e formas que reflete a energia e a resistência da cultura popular peruana.

  • Chivas Colombianas: As chivas, ônibus coloridos e ornamentados que servem como transporte público em áreas rurais da Colômbia, são exemplos vivos da arte visual popular em movimento, carregando não só passageiros, mas também a identidade e a inventividade local.

Esses encontros gráficos não apenas mostram a diversidade estilística, mas também a profunda conexão entre esses países através da arte visual vernacular. A exposição, ao valorizar esses "saberes que atravessam gerações", nos lembra que a memória afetiva de um povo é tecida também pelas cores e formas que adornam seu dia a dia. É uma forma de intervenção cultural que desafia a hegemonia da arte institucionalizada, celebrando o gênio dos letristas e artistas populares que atuam no anonimato, mas deixam marcas indeléveis na paisagem urbana.

A celebração dos letristas, cartazistas, abridores de letras e mestres filetadores é o cerne emocion
A celebração dos letristas, cartazistas, abridores de letras e mestres filetadores é o cerne emocion

Os Anônimos do Pincel: A Valorização de Letristas e Artistas Populares

A celebração dos letristas, cartazistas, abridores de letras e mestres filetadores é o cerne emocional da exposição "Letras & Filetes". Estes são os personagens que, muitas vezes, atuam no anonimato, transformando o "gesto manual e a inventividade popular" em expressões identitárias potentes. O artigo sublinha a importância de reconhecer que suas criações "ultrapassam a função comercial para revelar narrativas de pertencimento, resistência e memória coletiva".

A mostra dá voz a uma vasta gama de artistas, incluindo a fotógrafa Stefania Bril e Bob Wolfenson (cujas fotos ampliadas do livro A Arte do Caminhão são exibidas), bem como mestres como Paulinho Mazuco, que apresenta uma charrete filetada. A ênfase na presença feminina, com o filme "As Cartazistas" de Clara Izabela, do Handpainted Brasil, é um passo crucial para visibilizar mulheres neste universo criativo que muitas vezes é associado predominantemente a homens.

O "espaço Latinidades" da exposição traz nomes como a argentina Ainelén Blanes, o chileno Zenen Vargas, os colombianos Irmãos Serna, a mexicana Alina Kiliwa e a dupla peruana Carga Máxima (Alinder e Azucena). Esses artistas, antes restritos a seus contextos locais, ganham o reconhecimento merecido no palco da arte visualcontemporânea, provando que a "arte popular" não é menor, mas sim uma fonte inesgotável de inspiração e autenticidade. Suas obras são uma intervenção urbana constante, que fala diretamente ao coração das comunidades.

A programação integrada à exposição, que inclui performances, oficinas e vivências com mestres como Carina Oliveira (cartazista), Luís Junior (pintor de letra amazônica), Carga Máxima (letra chicha peruana) e Irmãos Serna (fileteado colombiano), oferece ao público a oportunidade de "mergulhar na prática latino-americana da pintura de letras em sua forma mais expressiva". Essas atividades não são apenas educativas; são uma forma de preservar e perpetuar esses saberes, garantindo que a manualidade e a experimentação continuem a ser um patrimônio cultural vivo.

Letras & Filetes: Um Patrimônio Acessível e Vivo na Arte Contemporânea
Letras & Filetes: Um Patrimônio Acessível e Vivo na Arte Contemporânea

Letras & Filetes: Um Patrimônio Acessível e Vivo na Arte Contemporânea

A exposição "Letras & Filetes: Memória Afetiva e Latinidades" é um exemplo brilhante de como a arte contemporânea pode ser acessível e engajadora. Com entrada gratuita e livre para todas as idades, e dispondo de dispositivos de acessibilidade como audiodescrições, objetos táteis e videolibras, o Sesc Ipiranga garante que essa rica herança visual esteja disponível para todos os públicos.

Essa abordagem reflete a própria natureza da intervenção urbana e das artes visuais populares: elas são intrinsecamente democráticas. A rua não tem barreiras de entrada; a arte pintada à mão em um caminhão ou em um cartaz de mercado não exige conhecimento prévio de teoria da arte para ser apreciada. Ela comunica diretamente, com cores, formas e humor que ressoam com a experiência diária das pessoas.

A relevância de "Letras & Filetes" para o panorama das artes visuais vai além da nostalgia; ela é um chamado para refletir sobre a importância da autenticidade e da conexão humana em um mundo cada vez mais digitalizado. Em um momento em que a videoarte e as mídias digitais dominam, a exposição reafirma o valor do traço manual, do suor do artista e da imperfeição que torna cada letra única. É uma declaração de que a verdadeira intervenção artística está em preservar a memória afetiva de um povo e em celebrar a criatividade que floresce nas margens.

A exposição não é apenas uma mostra; é um convite a reavaliar o que consideramos arte, a valorizar o trabalho dos letristas e a reconhecer a profunda beleza e significado nas letras & filetes que contam a história visual da América Latina. É uma oportunidade imperdível para vivenciar a arte contemporânea que brota das raízes da cultura popular.

Serviço
Visitação: 10 de outubro de 2025 a 5 de abril de 2026
Terça a sexta, das 9h às 21h30. Sábados, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 10h às 18h30.

Recursos de acessibilidade: audiodescrições, objetos táteis, mapa tátil, braille e dupla leitura, legendagem LSE e videolibras.
Agendamento de grupos: agendamento.ipiranga@sescsp.org.br
Entrada gratuita e livre a todos os públicos

Pintura sobre pedra, tamanho 15x15cm.Pintura sobre pedra, tamanho 15x15cm.
Pintura sobre papel, obra da artista visual, Amanda AmorimPintura sobre papel, obra da artista visual, Amanda Amorim

Disponível ( R$ 1.800,00 )
Titulo: Syriano na Pedra
Tecnica: pintura sobre pedra, dimensões 15x15cm

Disponível ( R$ 2.800,00 )
Titulo: Força e Ancestralidade
Tecnica: pintura sobre papel, dimensões 80x55cm

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Preço de lançamento, Disponível ( R$ 79,00 )
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