Arte Indígena Brasileira Brilha na 60ª Bienal de Veneza: Uma Celebração de Resistência e Cultura

Descubra como o Brasil destacou a arte de resistência dos povos indígenas na 60ª Bienal de Veneza. Explore as obras impactantes de Olinda Tupinambá, Glicéria Tupinambá e outros artistas que refletem a rica tapeçaria cultural e a luta contínua pela justiça e reconhecimento.

EXPOSIÇÕESARTES PLÁSTICAS

autor: Astral

4/20/20243 min read

“Cardume”, 2023, instalação, medidas variáveis
“Cardume”, 2023, instalação, medidas variáveis

Arte Indígena Brasileira Brilha na 60ª Bienal de Veneza: Uma Celebração de Resistência e Cultura

Contexto e Curadoria da Bienal

Estrangeiros em Todo Lugar – Uma Visão Curatorial

Com curadoria de Adriano Pedrosa, a Bienal de Veneza deste ano se intitula “Estrangeiros em Todo Lugar”. A exposição propõe uma reflexão sobre o conceito de estrangeirismo, independentemente de onde nos encontramos, destacando a participação de artistas indígenas e do Sul Global. Este título evoca uma sensação de universalidade, ligada às experiências de deslocamento e identidade.

“Cardume”, 2023, instalação, medidas variáveis

Fachada da Bienal de Veneza, 2024
Fachada da Bienal de Veneza, 2024

A Conexão Entre Artistas Tradicionais e Contemporâneos

O evento reúne artistas que, no século XX, exploraram contextos alternativos ao mundo da arte, denominados no catálogo como “artistas externos”. Dentre eles, destacam-se Santiago Yahuarcani e Claudia Alarcón, que colaboraram com o coletivo Silät, formado por mulheres artistas tecelãs das comunidades Wichí, na Argentina. Suas obras são expostas ao lado das de artistas contemporâneos renomados, como Salman Toor e Evelyn Taocheng Wang, que se engajam com o ambiente das galerias tradicionais.

Olinda Tupinambá, Equilíbrio, 2020 Videoinstalação composta por terra e sementes
Olinda Tupinambá, Equilíbrio, 2020 Videoinstalação composta por terra e sementes

Equilíbrio, 2020 Videoinstalação composta por terra e sementes-Olinda Tupinambá.

Representação Brasileira na Bienal

Pavilhão Hãhãwpuá – Uma Homemagem à Terra Indígena

O pavilhão brasileiro, intitulado "Ka’a Pûera: Somos Pássaros que Andam", é uma colaboração entre os curadores Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana. "Ka’a Pûera" simboliza tanto os campos cultivados que aguardam um novo crescimento quanto a capoeira, um pássaro nativo que se camufla na floresta, representando a resiliência e adaptação dos povos indígenas.

O nome do pavilhão, "Hãhãwpuá", usado pelos Pataxó para referenciar o Brasil, ressalta a importância de reconhecer a nação como um território indígena, repleto de histórias e culturas ricas e variadas.

Temas de Resistência e Memória na Arte

Os temas de resistência, memória e direitos humanos são proeminentes nas obras apresentadas. Artistas como Glicéria Tupinambá e Ziel Karapotó utilizam sua arte para dialogar sobre a violação de direitos e a luta contínua dos povos indígenas.


Glicéria Tupinambá, a voz da mulher indígena

Obras de Destaque no Pavilhão Brasileiro

Instalações e Videoinstalações que Contam Histórias

Glicéria Tupinambá apresenta "Okará Assojaba", uma instalação que simula uma assembleia Tupinambá para decisões coletivas. Complementando esta peça, "Dobra do Tempo Infinito" é uma videoinstalação que conecta as tradições de pesca às vestimentas tradicionais, cruzando os tempos e fortalecendo a narrativa cultural.

Olinda Tupinambá, através de sua obra "Equilíbrio", discute a relação humana com o planeta numa videoinstalação que destaca a necessidade de uma convivência harmoniosa e respeitosa com a natureza.

Ziel Karapotó, em "Cardume", utiliza maracás de cabaça e réplicas de projéteis balísticos para criar uma instalação que mistura sons de rios e cantos tradicionais, confrontando a história de genocídio e resistência dos povos indígenas.

Reflexões e Futuro: A Importância da Bienal

Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, destaca a relevância das questões levantadas pelo trabalho dos artistas e curadores. Ela aponta para a necessidade de encontrar caminhos para modos de vida sustentáveis e para a renegociação das relações humanas, marcando a importância do evento não só como celebração artística, mas como um ponto de encontro para discussões vitais sobre cultura, natureza e sociedade.

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